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domingo, 18 de outubro de 2009

Diálogo segue aberto em Honduras; Zelaya reafirma que não crê nos "golpistas"


Da EFE

Germán Reyes.


Tegucigalpa, 18 out (EFE).- As comissões de diálogo do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e do governante de fato, Roberto Micheletti, continuaram hoje analisando separadamente as propostas feitas para a restituição do chefe de Estado derrubado em junho.


"O diálogo não foi suspenso, embora eu não creia nos golpistas, porque não querem deixar do poder", disse Zelaya por telefone à Agência Efe a partir da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde está refugiado desde 21 de setembro.


John Biehl, assessor do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) para Honduras, disse a jornalistas que "enquanto o diálogo não morrer, há esperança".


"As comissões vão trabalhar intensamente para pactuar este ponto", disse Biehl em alusão à restituição de Zelaya.


Segundo Zelaya, "eles (os que o derrubaram) dariam tudo o que têm para ficar no poder, porque eles obedecem a uma coleira econômica que asfixia Honduras desde os anos 90".

O diálogo entrou em recesso na sexta-feira passada, quando a comissão de Zelaya rejeitou a proposta da representação de Micheletti para que a restituição do governante deposto seja definida pela Corte Suprema de Justiça.

Os representantes de Zelaya exigem que o Parlamento hondurenho seja o responsável por definir a questão.


Biehl destacou que acredita no diálogo ao alegar que "não há outra ferramenta".


Segundo o enviado da OEA, as comissões de diálogo "estão lutando para conseguir acordos. Isso é o importante".


Em sua opinião, a solução "é muito difícil, porque a crise foi muito grande".


Zelaya também disse à Efe que os "grupos econômicos" que "impuseram" Micheletti "privatizaram os poderes do Estado", que "estão sendo destruídos".


"Aqui em Honduras não há separação de poderes, têm o mesmo diretor neste momento, que é Micheletti", afirmou Zelaya.


Quando perguntado sobre se voltaria ao poder sem o apoio do Parlamento, da Corte Suprema de Justiça, da Procuradoria, da iniciativa privada e de outros setores, Zelaya respondeu que "isso sempre ocorreu, não estranharia governar sem apoio de ninguém".


"Retornar ao poder pode ser algo simbólico, mas o que não se deve permitir é que haja golpes de Estado", disse o presidente deposto.


Segundo Zelaya, Micheletti está "fazendo a OEA, as Nações Unidas e a União Europeia ficarem mal ao se negar a entregar o poder ao presidente legítimo que os hondurenhos escolheram em 2005".


"Até o Governo de Barack Obama (presidente americano) se vê frágil diante de um aprendiz de ditador do terceiro mundo como é Micheletti", expressou Zelaya, de 57 anos.


O presidente deposto reiterou hoje que o movimento de resistência popular surgido após sua derrocada para exigir que sua restituição no poder "não está buscando armas", como disse ontem na Bolívia o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.


O chefe de Estado venezuelano, Hugo Chávez, alertou para o eventual surgimento de movimentos armados nas montanhas hondurenhas para forçar a restituição de Zelaya no poder.


A Frente Nacional de Resistência contra o Golpe de Estado, nome do movimento que exige o retorno de Zelaya ao poder, também negou hoje que busque armas para derrubar o Governo de Micheletti pela força.


"Deixamos claro que nossa luta continua sendo pacífica, uma massa popular que se pronuncia nas ruas sem armas", disse à Efe o coordenador geral da Frente de Resistência, Juan Barahona, que hoje informou da morte de um sindicalista baleado no rosto em setembro passado.


Trata-se do presidente do Sindicato de Trabalhadores do Instituto de Formação Profissional (Infop), Jairo Sánchez, que segundo Barahona foi ferido quando participava de uma manifestação pacífica na colônia San Francisco, em Tegucigalpa, que foi dissolvida à força por policiais e militares.


O movimento de resistência popular atribui a morte de Sánchez à Polícia. EFE

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