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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

No Brasil, o presidente Lula é criticado pela forma como administra a crise hondurenha

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, está atraindo para si críticas entre a imprensa, a classe política e até seus aliados, por seu envolvimento na crise hondurenha. Seus detratores o criticam por ele ter concedido, em 21 de setembro, abrigo na embaixada brasileira em Tegucigalpa ao presidente hondurenho, Manuel Zelaya, derrubado por um golpe de Estado em 28 de junho, e por ter permitido que este transformasse a sede diplomática em um quartel-general, de onde incita à insurreição contra o governo golpista que o tirou do poder. "As atividades políticas de Zelaya [na embaixada] são inaceitáveis. Elas mancham a imagem do Brasil", ressalta o senador Eduardo Azeredo, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e membro do PSDB (social-democrata, oposição).

O ex-chefe do Estado e atual presidente do Senado, José Sarney, aliado de Lula, acredita que "os excessos de Zelaya são ruins para o Brasil". Em seu editorial, o jornal "O Estado de São Paulo" se revolta de ver Zelaya, "esse hóspede inconveniente" da embaixada, se comportar como "dono da casa".

O que aconteceu no dia 21 de setembro? Segundo versão não-oficial, a esposa de Zelaya, que chegou clandestinamente com seu marido em um carro diplomático, telefonou para a embaixada para pedir abrigo. O diplomata em serviço consultou Brasília, onde Lula foi encontrá-lo - a bordo do avião que o levava para Nova York -, e o presidente deu sua permissão. "Se tivéssemos recusado, Zelaya estaria hoje preso ou talvez morto", garante o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim. O Brasil foi pego de surpresa pela volta rocambolesca do ex-presidente hondurenho, e teve pouco tempo para se decidir.

Por princípio, ninguém pode culpá-lo por ter escolhido ajudar um dirigente legitimamente eleito, e que desde seu exílio forçado recebe o apoio da comunidade internacional, inclusive os Estados Unidos. Ao agir dessa forma, o Brasil lembra que, em uma América Latina que finalmente chegou à democracia, um golpe de Estado, ainda que não sangrento, se tornou inaceitável.

Fonte: Le Monde - http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2009/10/02/ult580u3958.jhtm

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